quarta-feira, 13 de agosto de 2014





Indicador


Vem, diz-me quem sou.
Atira-me todas as pedras,
aquelas, que dizes, feitas de amor,
aquelas que arrancas da calçada, descalça,
para te proteger,
de ti.

Vem, aponta-me o dedo,
esse, que teima em não se virar, para ti.
Para quê? Nada tem a apontar, de ti.

Não, não és perfeito, afirmas,
chavões da vida em que te enrolas,
te cobres, te tornas no “único”.

Vem, fala de mim, longe de mim
Não digas nada, de mim, a mim.
Sei. Não me queres magoar!
Gostas de mim e nisto calas
a coragem, ou falta dela.

Dizes de mim, sim!
Sabes de mim, sim!
Sabes quem sou, sim!
Falas de mim, sim!
Longe de mim, sim!
Nunca p’ra mim, sim!

Vem.
Tu, aquele que sabe de si,
tu, aquele sem dedos apontados,
e dos defeitos  que em si conhece,
difíceis de colocar em palavras…

Tu, Ego do mundo (des) humano,
habitante pleno de um caos profano,
vem, mostra-te,
despe-te, se és capaz!

TU

Não, não venhas.
Bastas-te aqui, em mim.



 2014.08.13
Rosa Bordeaux