Uma Visão de Natal
Neste Natal quero acordar e ver meninos de caracóis, brincando em jardins
e nesses jardins quero ver homens que olham as flores
e notam que às folhas velhas se sucedem as novas
e que há vida, nascimento e morte, em todos os jardins do mundo.
Quero acordar e ver as águas repletas de vidas.
e homens a nadar dentro delas, respeitosamente,
ignorando iscos e redes, em atos sagrados de amor profundo.
Quero ver animais em verdes prados, livres de grilhões e da dor da
escravidão
cuidados por homens livres, de coração empático, como o de Jesus.
Quero ver ruas repletas de sorrisos (também entre desconhecidos).
Quero ver florestas revigoradas, com árvores de pé até á morte,
e mesmo depois da morte.
Quero aí ver homens em contemplação,
ouvindo vozes inaudíveis, aos que olham sem ver.
Quer ver o Natal em todos os rostos.
Quero ver corações escancarados, sensíveis,
de onde o néctar divino da coragem cristã se verte, em contágios de
infinita paz.
Quero acreditar nessa visão mais profunda e numa humanidade mais capaz.
Quero acreditar que os filhos de Deus se elevam aos céus do despertar
e deixam pra trás a inferioridade maior dos ódios,
dos interesses egoístas, da gélida indiferença,
Quero ver Jesus nascido, criado, vivido, em cada um que se diz cristão.
E vendo tudo isto poderei partir em paz na direção de um qualquer céu
onde conto ver meninos de caracóis, brincando em jardins.
Dez 2017