quarta-feira, 1 de novembro de 2017



Eu e o Tempo

Se eu fosse o Tempo
deixava no passado o que passou
e no futuro o que lhe pertence.
Ficava apenas com o presente
e assim podia ver a flor na flor,
o riacho no riacho,
o sorriso de quem passa,
ou a sua dor.
Podia ouvir a voz do vento
e brilhar o brilho de tudo o que é
no momento presente.

Se eu fosse o Tempo
deixava no passado o que passou
e no futuro o que lhe pertence.
Ficava apenas com o presente
e o embrulhava com fitas coloridas
com que presenteava tudo o que é,
e assim viveria na não ausência
e no tudo haver,
na frescura e na beleza do momento,
o único que há para viver.

Se eu fosse o Tempo
deixava no passado o que passou
e no futuro o que lhe pertence.
Ficava apenas com o presente
e assim podia ver com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
sentir com o coração
e depois, num belo jogo de crianças
misturá-los todos,
na pureza do não julgamento.






1 comentário:

Rute Guerreiro disse...

Que bonito! Obrigada por partilhares.