sexta-feira, 24 de maio de 2013

Espinhos


Pendurado por panos crus
preso por fios onde se enrola,
baloiça os seus pensamentos,
convicções, crenças.
Está rodeado de espinhos
com que vai picando os que por ali passam.
Há uma crueza em si,
proporcional à força.
O rosto tenso e sisudo
procura sorrisos,
amores.
A solidão habita para cá dos espinhos.
Para lá deles...a escuridão.
Aqui, onde se vê,
há o tamanho, imenso,
linguagem outra,
do inacessível,
do incompreendido
do encoberto.
Baloiça.
Esperneia.
Grita.
A cada reagir, maior a prisão
que lhe tira os pés do chão,
e o arrasta, espinhos acima,
para a dor de não saber,
como fazer
amaciar o coração,
acalmar esta tensão.
Olha-lá,
sem a julgar,
sem lhe exigir a lucidez.
Aceitar-lá,
deixar que seja quem é.
Pode a luz ser escuridão?
E ele?
Pode descer dos panos crus
e eliminar o caminho que a espinhos conduz?
Ou viverá nesta agonia,
tremenda e fria,
nesta visão
de porta aberta
à solidão?

2013.04.27

Sem comentários: