segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Poetas que sou


Deixo cair as palavras sobre mim
As tuas, agora minhas.
Visto-me delas
Sorvo-as,
Como seiva milagrosa.
Como sabias que te esperava?
Que te necessitava?
Que era este o momento de te ler,
De te sentir
De te fazer meu?

Poetas que sou,
Poetas da minha vida,
Sem vós nada seria.
Convosco rio e choro
Cresço e namoro
E tenho vontade de ir mais além
Ou de ficar aqui.
De ser forte e fraco,
De descobrir o mundo,
E num grito profundo
Descobrir-me a mim.

E quando a vossa poesia me faltar
Serei mais pobre
Não porque parti,
Mas porque vos deixei.
Perante o sagrado
Prometo voltar
Para ser de novo
Arauto de um povo
Que ao mundo doou
Poetas que sou
Sem nunca o ter sido.


Aldora Amaral
2013.12.10





2 comentários:

Mário Saleiro Filho disse...

Nas entrelinhas de sua poesia cada vez mais a reconheço.
Parabéns minha querida, beijos,

Unknown disse...

Resposta hábil a uma tarefa enigmática! Levas o leitor a uma caminhada empolgante pelos montes e vales da tua paixão por palavras, com a rendição serena nas últimas linhas sendo um contraste irónico.